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Nossa bodega fechou

data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Gabriel Haesbaert (Diário)

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Era chamada assim pelo meu avô amado - Miguel Macedo - desde que criou um armazém de produtos importados, lá pelos idos de 1905. Algum tempo depois, percebendo o espaço que havia na cidade, começou a trabalhar com brinquedos.

Meu pai abandonou o curso de Engenharia, que frequentava em Curitiba, para trabalhar com o avô. E desenvolveu o negócio, fez crescer com muito trabalho e a maior dedicação que alguém poderia dar. De temperamento mais reservado, diferentemente de meu avô - que gostava de ficar na porta da loja distribuindo balas para as crianças - o pai sempre foi de bastidores. Ficava no escritório, sempre pensando nos clientes, sempre "matutando" sobre o que poderia oferecer a mais para facilitar a experiência daqueles que lhe prestigiavam. Era cem por cento disponível para eles; não raras vezes, quando morávamos no apartamento que ficava em cima da loja, o pai era acionado para abri-la no início da noite porque um pai precisava compensar com um brinquedo novo o filho que tinha largado o bico naquela hora - risos -, outro que precisava consolar a filha que tinha vindo do médico, etc. E lá ia o pai abrir a bodega.

Ele era sempre o primeiro a chegar e o último a sair. Em época de Dia da Criança e Natal, literalmente botava a mão na massa, carregando mercadoria do depósito para a frente, em inúmeras idas e vindas, lado a lado com seus funcionários, porque precisava deixar a loja preparada e bem abastecida para o dia seguinte.

Depois dele, que só parou quando realmente não foi mais possível continuar, meus irmãos - Dado e Flávio - deram seguimento ao negócio.

São muitas histórias de gerações que frequentaram a Macedo, primeiro para escolher seus próprios presentes, depois para seus filhos e, hoje, para os netos. São depoimentos que nos emocionam e nos tocam profundamente.

É um ciclo que se fecha - tenho ouvido muito e de fato acredito nisso.

A bodega da nossa família, da nossa vida inteira, se despede de Santa Maria. Mas as alegrias, as emoções e as vivências que deixou no coração de tantas famílias e, principalmente, no de tantas crianças da cidade e da região, tenho certeza, serão eternas.

Super obrigada a cada um que viveu um pouco dessa história com a gente; aos funcionários - companheiros de todas as décadas. Super obrigada a cada depoimento querido que ouvimos, lemos e recebemos de todas as maneiras.

Temos o coração aquecido por vocês!

Luíza Macedo (foto), publicitária

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